O encontro estava vazio — até que o pai dos trigêmeos entrou e disse: “Papai, me desculpe pelo atraso.”

“Com licença, você é a Sierra?”

A voz era baixa, confiante e completamente inesperada. Sierra Brooks ergueu os olhos do celular, seu sorriso educado já se formando, até perceber que não estava olhando para um garçom. Estava olhando para três garotinhas idênticas, de não mais que cinco anos, paradas ao lado de sua mesa como se tivessem acabado de sair de um livro de histórias.

Cachos loiros, suéteres vermelhos iguais e olhos grandes e esperançosos.

“Estamos aqui pelo nosso papai”, anunciou a segunda menina, como se isso explicasse tudo.

“Ele pede muitas, muitas desculpas pelo atraso”, acrescentou a primeira, dando um passo à frente. “Houve uma emergência no trabalho. É por isso que ele ainda não chegou.”

Sierra piscou. Uma, duas vezes. Não era assim que encontros às cegas deveriam ser. O café deveria ser tranquilo, uma chance de descobrir se sua amiga Jane estava certa sobre esse homem misterioso que tinha os “olhos mais gentis” e “merecia alguém especial”.

Mas Jane nunca mencionou filhos, e ela definitivamente nunca mencionou trigêmeas. O que Sierra não sabia era que aquelas três garotinhas estavam prestes a reescrever as regras do amor, um plano corajoso e impossível de cada vez.

Sierra pousou o celular lentamente, sua confusão dando lugar a algo mais suave. “Desculpem… Vocês disseram que seu papai mandou vocês?”

A primeira menina assentiu com entusiasmo, seus cachos balançando. “Bem, não exatamente. Ele ainda não sabe que estamos aqui. Mas ele está vindo!”

“Nós prometemos”, interveio a segunda.

A terceira apenas sorriu docemente. “Podemos sentar com você? Estávamos tão ansiosas para te conhecer.”

Sierra olhou ao redor do café. Alguns clientes começaram a notar. Uma mulher mais velha sorriu com cumplicidade. Um barista espiou por cima do balcão, claramente entretido. “Ok,” Sierra disse lentamente, gesticulando para as cadeiras vazias. “Acho melhor vocês explicarem.”

As trigêmeas subiram nas cadeiras à sua frente, movendo-se com uma facilidade sincronizada que apenas irmãs conseguiriam.

“Eu sou a Arya.” Ela estendeu uma mãozinha como uma experiente mulher de negócios. “Esta é a Nova, e aquela é a Luna.”

“Temos cinco anos”, acrescentou Nova, orgulhosa.

“E somos muito boas em guardar segredos”, sussurrou Luna, em tom de conspiração. “Exceto este. O papai vai descobrir logo.”

Sierra não pôde evitar. Ela riu, uma risada real e surpresa que rompeu a confusão. “Tudo bem, meninas, comecem do início. Como sabem que eu estaria aqui?”

Arya se inclinou para frente, sua expressão séria. “Ouvimos o papai falando no telefone com a tia Jane. Ele disse que ia encontrar alguém chamada Sierra no Rosewood Cafe às 19h. Ele parecia nervoso.”

“Muito nervoso”, enfatizou Nova. “Ele ficava ajeitando a gravata no espelho.”

Luna assentiu sabiamente. “E ele nunca ajeita a gravata. Foi assim que soubemos que era importante.”

O coração de Sierra deu um pulinho. Ela não sabia se ficava encantada ou preocupada. “Então vocês simplesmente… decidiram vir vocês mesmas?”

“Não em vez dele”, esclareceu Arya. “Antes dele. Algo quebrou no trabalho dele e ele teve que ir consertar. Mas não queríamos que você pensasse que ele esqueceu de você, porque ele não esqueceu!”

“Ele estava tão animado esta manhã”, insistiu Nova. “Ele até queimou as panquecas porque não estava prestando atenção.”

“Ele sempre queima as panquecas”, acrescentou Luna, com naturalidade. “Mas hoje foi pior.”

Sierra levou a mão à boca, tentando não rir novamente. Essas crianças eram cativantes. “Então vocês convenceram sua babá a trazê-las aqui?”

As trigêmeas trocaram um olhar. “Nós não a convencemos”, disse Arya, cuidadosa. “Nós… podemos ter dito a ela que o papai disse que tudo bem.”

“O que ele vai dizer”, acrescentou Nova rapidamente. “Assim que ele souber que funcionou.”

“Assim que o quê funcionou?” perguntou Sierra, embora estivesse começando a entender.

Luna sorriu, um sorriso banguela cheio de travessura e esperança. “Nosso plano. Para garantir que o papai não desista de ser feliz.”

Sierra recostou-se, estudando os três rostinhos. Elas a observavam com uma intensidade que era ao mesmo tempo divertida e comovente, como se esperassem seu veredito sobre algo muito mais importante do que um primeiro encontro.

“O papai de vocês…” Sierra começou lentamente. “Ele sabe que vocês estão aqui agora?”

Três cabeças balançaram em uníssono.

“Ele vai ficar chateado?”

Arya considerou. “Talvez um pouco. Mas não por muito tempo. O papai não fica bravo com a gente. Ele só faz aquela cara…”

“A cara de ‘eu amo vocês, mas, por favor, não façam isso de novo'”, completou Nova.

“E então ele nos abraça”, concluiu Luna.

Sierra sentiu um calor se espalhar pelo peito. Ela não conhecia esse Dylan Grant, mas já estava aprendendo sobre ele. Um homem que não ficava com raiva, que abraçava em vez de gritar, que havia criado três meninas confiantes, amorosas e corajosas sozinho.

Jane não havia mencionado que ele era pai solteiro. Mas agora, sentada em frente a essas crianças, Sierra entendeu o porquê. Jane sabia que ela hesitaria. Ela pensaria demais. Ela havia construído muros ao redor de seu coração depois que seu noivado terminou, e a última coisa que ela achava que queria era entrar na vida complicada de outra pessoa. Mas muros, ela estava aprendendo, tinham dificuldade em resistir a meninas de cinco anos com cachos.

“Posso perguntar uma coisa?” disse Sierra, gentilmente.

“Qualquer coisa”, disse Arya.

“Por que isso é tão importante para vocês? Por que ter todo esse trabalho?”

As trigêmeas ficaram em silêncio. Foi Nova quem falou primeiro, sua voz mais suave agora. “Porque o papai está triste há muito tempo. Ele acha que não percebemos, mas percebemos.”

Os olhos de Arya brilharam ligeiramente. “Ele sorri quando está conosco, mas quando pensa que não estamos olhando, ele parece… sozinho.”

A garganta de Sierra apertou. Ela conhecia aquele olhar.

“Ele cuida de nós”, disse Luna, baixinho. “Ele faz o café da manhã, mesmo quando o queima. Ele lê histórias para dormirmos. Ele é o melhor papai do mundo inteiro. Mas ele nunca faz nada por ele mesmo.”

“A vovó diz que ele está com medo”, acrescentou Arya.

“Medo de quê?” perguntou Sierra.

“De se machucar de novo”, sussurrou Arya.

Sierra fechou os olhos brevemente. Aí estava. “A mãe de vocês”, ela disse com cuidado, “Ela…?”

“Ela é atriz”, disse Arya, simplesmente. “Ela é muito famosa agora. Nós a vemos na TV às vezes.”

“Ela tinha grandes sonhos”, explicou Nova, seu tom factual, o modo como as crianças aceitam verdades que não podem mudar. “Papai diz que ela nos amava, mas amava mais atuar. E tudo bem. As pessoas podem escolher.”

O coração de Sierra se partiu e se consertou na mesma respiração. Elas falavam sem ressentimento, ensinadas pela graça de seu pai.

“Papai diz que somos o suficiente”, acrescentou Arya. “Que ele não precisa de mais ninguém. Mas achamos que ele está errado.”

“Ele merece alguém que fique”, disse Nova, com firmeza.

Luna estendeu a mão sobre a mesa e tocou a de Sierra, seus dedinhos quentes. “Tia Jane diz que você é muito legal, inteligente e gentil. Ela diz que você seria perfeita.”

Sierra piscou para afastar as lágrimas repentinas. “Eu não sei se sou perfeita”, disse ela, honestamente. “Mas eu gostaria de conhecer seu papai. Do jeito certo. Quando ele estiver pronto.”

“Ele está pronto”, disseram as três de uma vez.

“Ele só não sabe disso ainda”, acrescentou Arya com um sorriso conhecedor.

Vinte minutos depois, as trigêmeas haviam pedido chocolates quentes (por conta de Sierra) e estavam ocupadas contando-lhe histórias. “Uma vez, o papai tentou trançar nosso cabelo para a escola”, Nova riu. “Parecia um ninho de passarinho.”

“Três ninhos de passarinho!” corrigiu Luna, e todas caíram na gargalhada. Sierra se viu rindo também, o som fácil e desprotegido.

“E você?” perguntou Arya de repente. “Você tem filhos?”

A pergunta pousou suavemente, mas ainda doeu. “Não,” disse Sierra, seu sorriso diminuindo uma fração. “Eu não tenho.”

“Você quer ter?” perguntou Nova, sua curiosidade inocente.

Sierra hesitou. Aquilo não era conversa de primeiro encontro. Mas aquelas não eram circunstâncias comuns. “Eu queria”, admitiu ela, baixinho. “Eu sempre pensei que teria. Mas… às vezes a vida não sai como planejamos.”

“Por que não?” perguntou Luna.

Sierra respirou fundo. “Eu fui noiva uma vez. Íamos nos casar e começar uma família. Mas ele mudou de ideia. E então eu descobri que… ter filhos poderia ser difícil para mim. O médico disse que não é impossível, mas não é provável.”

As trigêmeas absorveram isso com a solenidade de almas muito mais velhas. “Isso é triste”, disse Arya, suavemente.

“Sim,” Sierra concordou. “Foi. Mas eu fiz as pazes com isso. Na maior parte.”

Nova estendeu a mão e deu um tapinha na mão dela. “Talvez você não precise ter filhos”, acrescentou Luna, esperançosa. “Talvez você só precise encontrar alguns. Como nós.”

Antes que Sierra pudesse responder, antes que pudesse processar a enormidade do que elas estavam oferecendo, a porta do café se abriu.

Um homem parou na entrada, ofegante e com os olhos arregalados, a gravata torta e o cabelo castanho curto desgrenhado. Seu olhar varreu o local, pousando na mesa do canto – em três cabeças loiras inclinadas sobre chocolates quentes, e na mulher sentada à frente delas, sua expressão algo entre chocada e encantada.

“Ah, não”, sussurrou Arya.

“Ele está aqui”, suspirou Nova.

Luna sorriu. “Missão cumprida.”

Dylan Grant havia experimentado muitos tipos de pânico em seus 33 anos. O pânico de ouvir três recém-nascidos chorando ao mesmo tempo. O pânico de perceber que sua esposa não voltaria. O pânico de uma criança doente, um sapato perdido cinco minutos antes da escola.

Mas isso era um novo nível.

Ele estava no meio de uma crise no escritório, uma falha no servidor, quando seu telefone vibrou sete vezes. As mensagens da babá tornaram-se frenéticas: Sr. Grant, as meninas estão insistindo para eu levá-las a algum lugar. Elas disseram que o senhor aprovou. Sr. Grant, estamos no Rosewood Cafe. Acho que o senhor deveria vir.

Seu coração despencou. Rosewood Cafe. O encontro que ele já havia perdido. Ele saiu correndo do escritório e dirigiu mais rápido do que deveria.

E agora, aqui estava ele, olhando para a cena mais mortificante e inexplicavelmente bela que já havia testemunhado. Suas filhas, sentadas com a mulher que ele deveria impressionar, parecendo pertencer totalmente àquele lugar. E Sierra – porque tinha que ser Sierra – estava sorrindo. Um sorriso real, caloroso e genuíno.

“Oi, papai”, chamou Luna, acenando.

O café inteiro se virou para olhar. Dylan forçou suas pernas a se moverem. Quando chegou à mesa, não sabia se pedia desculpas primeiro ou desmaiava. “Eu sinto muito, muito mesmo. Eu não tinha ideia. Eu estava no trabalho, e houve uma emergência, e-”

Sierra levantou a mão, seus olhos brilhando. “Você deve ser o homem que me deu o bolo.”

Dylan fez uma careta. “Não intencionalmente. Eu juro. Eu ia ligar, mas…”

“Papai,” Arya interrompeu gentilmente. “Ela não está brava. Nós explicamos tudo.”

“E ela gosta de nós”, disse Luna, orgulhosa.

Dylan olhou para Sierra, sua expressão dividida entre esperançosa e horrorizada. “Eu realmente sinto muito. Não era assim que eu queria que isso acontecesse.”

O sorriso de Sierra se suavizou. “Como você queria que fosse?”

“Eu não sei,” Dylan admitiu, passando a mão pelo cabelo. “Menos caótico. Mais normal.”

“O normal é superestimado”, disse Sierra. E havia algo em sua voz, um entendimento compartilhado. “Além disso, suas filhas são uma companhia excelente. Elas estavam me contando tudo sobre você.”

“Ah, não”, murmurou Dylan.

“Não se preocupe”, Sierra riu. “Principalmente coisas boas. Exceto pelas panquecas.”

As trigêmeas riram. Dylan fechou os olhos brevemente, depois os abriu e encontrou Sierra ainda sorrindo para ele. “Você gostaria de sentar?” ela ofereceu.

“Eu provavelmente deveria levá-las para casa…”

“Ou,” disse Arya rapidamente, “a Sierra poderia vir jantar conosco.”

“Desse jeito, você ainda tem seu encontro”, raciocinou Nova.

“E nós podemos ajudar”, finalizou Luna.

“Meninas,” Dylan disse, seu tom gentil, mas firme. “A Sierra provavelmente tem planos…”

“Eu não tenho”, interrompeu Sierra. “Quer dizer, planos. Eu vim aqui para encontrar alguém. E, tecnicamente, eu encontrei. Quatro pessoas, na verdade. Então, se o convite ainda estiver de pé, eu adoraria ir jantar.”

As trigêmeas explodiram em vivas. A respiração de Dylan falhou. Pela primeira vez em três anos, o peso em suas costelas não parecia tão pesado. “Ok,” ele disse suavemente. “Ok. Vamos para casa.”

A casa de Dylan era exatamente o que Sierra esperava: aconchegante, vivida e governada por crianças. As paredes estavam cobertas de desenhos, e a geladeira exibia um calendário coberto de ímãs coloridos e lembretes: Aula de dança. Luna: Dentista. Reunião de pais. Encontro com Sierra.

Sierra corou ao ver, seu nome enfiado entre os ritmos comuns da vida deles.

“Bem-vinda ao nosso castelo”, anunciou Arya.

“Não é realmente um castelo”, esclareceu Nova. “Mas nós fingimos.”

“Toda casa é um castelo se você ama as pessoas que estão nela”, disse Luna, sabiamente.

Dylan lançou a Sierra um olhar de desculpas. “Elas andam lendo muitos contos de fadas.”

“Eu amo contos de fadas”, disse Sierra, e era verdade.

As meninas a arrastaram para um tour enquanto Dylan desaparecia na cozinha. Elas mostraram o quarto delas, três camas dispostas em forma de U. Elas mostraram seu canto de artes, seu baú de brinquedos e sua estante. E elas lhe mostraram fotos.

“Essas somos nós quando éramos bebês”, apontou Arya para um porta-retrato. Na foto, um Dylan mais jovem segurava três pacotinhos minúsculos, sua expressão uma mistura de terror e amor avassalador. Havia fotos no parque, na praia, festas de aniversário. Mas uma pessoa estava visivelmente ausente.

“A mãe de vocês”, disse Sierra, com cuidado. “Vocês se lembram dela?”

“Na verdade, não”, admitiu Arya. “Éramos muito pequenas. O papai guarda uma foto dela no quarto dele. Ele diz que é importante sabermos como ela é.”

“Mesmo que não a vejamos”, acrescentou Luna.

O coração de Sierra doeu por elas. “Ele deve amar muito vocês.”

“Ele ama”, disse Arya, confiante. “É por isso que queremos que ele seja feliz.”

“Ele é feliz”, insistiu Nova.

“Mas ele poderia ser mais feliz”, disse Luna, olhando para Sierra. “Com você.”

Sierra se ajoelhou ao nível delas. “Eu não posso prometer nada, queridas. Mas você gosta dele, certo?” pressionou Arya.

Sierra pensou no homem na cozinha, tentando freneticamente cozinhar o jantar para cinco. “Eu acho,” disse Sierra lentamente, “que o papai de vocês é um dos caras bons.”

As trigêmeas sorriram. “O jantar está pronto!” Dylan chamou. “Ou, pelo menos, está comestível.”

O jantar foi um belo desastre. O macarrão estava ligeiramente cozido demais e o pão de alho estava torrado de forma desigual. Mas a companhia era perfeita. As trigêmeas falavam umas por cima das outras, e Dylan intervinha com desculpas, suas orelhas rosadas de vergonha. E Sierra riu – o tipo de riso que vem da alegria, não da polidez.

“Então, o que você faz?” Dylan perguntou durante uma pausa.

“Eu sou CEO”, disse Sierra. “Eu dirijo uma organização sem fins lucrativos que ajuda crianças carentes a terem acesso à educação artística.”

“Isso é incrível”, disse Dylan, com genuína admiração.

“É gratificante”, concordou Sierra. “Eu sempre quis fazer a diferença, e como eu não podia ter meus próprios filhos…” Ela parou, percebendo o que havia dito. A mesa ficou em silêncio. “Desculpe. Isso não é realmente conversa de jantar.”

“Nós já sabemos”, disse Arya, gentilmente. “Você nos contou no café.”

Dylan olhou de Sierra para suas filhas, a compreensão surgindo. “Você contou a elas?”

“Elas perguntaram”, disse Sierra com um pequeno sorriso.

A expressão de Dylan suavizou. “Sinto muito. Isso deve ter sido difícil.”

“Foi,” Sierra admitiu. “Meu noivo me deixou quando descobriu. Ele disse que não era para isso que ele tinha se inscrito.”

O maxilar de Dylan endureceu. “Ele parece um idiota.”

“Papai!” as três meninas engasgaram em uníssono.

“Sem palavrões”, lembrou Arya, balançando o dedinho. “Essa é a nossa regra da família.”

“Mesmo quando as pessoas merecem”, complementou Luna.

Dylan levantou as mãos em rendição, as orelhas ficando rosadas. “Vocês estão certas. Me desculpem, meninas.”

O coração de Sierra se encheu. “Está tudo bem”, disse ela, com a voz suave. “E elas estão certas. Mas… só entre nós, adultos? Ele era meio idiota.”

Dylan lhe deu um olhar de cumplicidade.

“Mas ele me ensinou algo importante”, disse Sierra.

“O quê?” perguntou Luna.

“Que família não é apenas sobre biologia”, disse Sierra, olhando para cada rosto. “É sobre amor, e sobre estar presente, e sobre escolher um ao outro todos os dias.” Ela olhou para Dylan, e algo passou entre eles.

“Sim,” Dylan disse baixinho, a voz embargada. “É sim.”

Depois do jantar, as meninas insistiram em mostrar a Sierra sua rotina de dormir. Ela observou enquanto Dylan lia uma história para elas, sua voz fazendo personagens diferentes. Ela o observou beijar cada testa.

“Te amo, papai”, elas cantaram em coro.

“Amo vocês mais”, ele respondeu.

Quando ele finalmente saiu, encontrou Sierra na sala, olhando as fotos. “Obrigado”, disse ele, baixinho. “Por ser tão gentil com elas. Você não precisava ter ficado.”

“Eu queria”, disse Sierra, honestamente. “Dylan, suas filhas são incríveis. Você fez um trabalho maravilhoso.”

“Eu fiz o meu melhor”, disse ele. “A mãe delas… Melissa Hart… ela foi embora quando elas tinham seis meses.”

Sierra já tinha ouvido falar dela. Todos tinham.

“Ela nunca quis filhos”, continuou Dylan, em voz baixa. “Mas o anticoncepcional falhou. Ela tentou, mas… ela recebeu uma ligação para um grande teste, e as meninas estavam doentes. Eu estava no trabalho. Ela teve que escolher.”

“E ela escolheu o teste”, Sierra completou, suavemente.

“Ela disse que visitaria, mas depois de um ano, até as ligações pararam. Eu não a ressinto por escolher seu sonho. Mas eu a ressinto por fazê-las sentir que não eram o suficiente.”

“Elas não se sentem assim”, assegurou Sierra. “Elas sabem que são amadas. Por sua causa.”

“Mas eu tenho tido pavor de trazer alguém para a vida delas”, disse Dylan. “E se eu escolher errado? E se mais alguém for embora e partir o coração delas?”

“Dylan,” Sierra disse, aproximando-se. “Eu não posso prometer que não vou cometer erros. Mas posso prometer que sei como é ser deixada. E eu nunca faria isso com elas.”

Ele encontrou os olhos dela e, pela primeira vez, ela viu todo o medo e esperança que ele carregava. “Jane estava certa”, disse ele. “Você é especial.”

“Você também”, sussurrou Sierra.

“Você gostaria de fazer isso de novo? Do jeito certo? Um encontro de verdade?”

“Eu adoraria,” Sierra sorriu. “Mas aviso justo, eu posso insistir que suas filhas venham junto às vezes. Elas são meio que a melhor parte do pacote.”

Dylan riu, e foi o som de um homem se lembrando do que era ter esperança.

Um encontro se transformou em dois, depois em muitos para contar. Sierra começou a aparecer nos recitais de dança. Ela aprendeu que Nova amava ciências, Arya era obcecada pelo espaço e Luna colecionava pedras lisas. Dylan começou a ligar para ela depois que as meninas iam para a cama, apenas para conversar.

“Elas perguntaram de você hoje”, ele disse uma noite.

“O que elas perguntaram?”

“Se você ia ser a nova mãe delas.”

Um silêncio pesado e esperançoso se estendeu. “O que você disse a elas?” perguntou Sierra.

“Eu disse a elas que não é assim que funciona. Que essas coisas levam tempo. Mas… honestamente? Eu espero que a resposta seja sim algum dia.”

O coração de Sierra apertou. “Eu também.”

Em dezembro, ela passava mais tempo na casa de Dylan do que em seu próprio apartamento. Uma noite, enquanto decoravam a árvore de Natal, Luna puxou a manga de Sierra. “Você pode ir ao nosso concerto da escola? O papai sempre vai sozinho, e nós queremos você lá também.”

Sierra olhou para Dylan, que estava desembaraçando as luzes. Ele encontrou seu olhar e sorriu. “Eu adoraria”, disse Sierra.

Na noite do concerto, Sierra sentou-se ao lado de Dylan no auditório lotado. Quando as trigêmeas subiram ao palco em suas fantasias de anjo, a mão de Dylan encontrou a dela. No estacionamento, depois, ele a parou. “Obrigado”, disse ele.

“Pelo quê?”

“Por ficar. Por aparecer.”

“Dylan,” Sierra apertou a mão dele. “Isso não é complicado. É exatamente onde eu quero estar.”

Ele a beijou então, suave e seguro, sob o brilho das luzes de Natal. Do carro, três vozinhas explodiram em vivas.

Os meses seguintes foram preenchidos com momentos tranquilos que construíram uma parceria. Eles tiveram sua primeira briga quando Dylan cancelou um encontro por causa do trabalho novamente. “Você não está mais sozinho”, Sierra disse a ele, com firmeza. “Deixe-me carregar um pouco disso com você.”

E lentamente, ele o fez. Na primavera, as meninas pararam de perguntar quando Sierra iria visitá-las e começaram a perguntar quando ela voltaria para casa. Uma noite, enquanto Sierra ajudava Luna com a matemática, enquanto Dylan fazia o jantar e as outras duas discutiam sobre um filme, ela percebeu algo. Ela já estava em casa.

Um ano depois, o mesmo café parecia diferente. Luzes piscantes pendiam do teto e o cheiro de canela e pinho enchia o ar. Jane havia mandado uma mensagem para ela encontrá-la no Rosewood às 19h, alegando que era “importante”. Quando Sierra abriu a porta, ela entendeu.

Dylan estava perto da mesa antiga deles, vestido com um terno. E ao lado dele, três garotinhas em vestidos vermelhos iguais, segurando uma placa.

Diga sim, Sierra.

A mão de Sierra voou para a boca, seus olhos se enchendo de lágrimas. “Surpresa!” gritaram as trigêmeas.

Dylan riu, nervoso, dando um passo à frente enquanto o café ficava em silêncio. “Sierra,” ele começou, “um ano atrás, eu estava apavorado. Apavorado de tentar de novo, de deixar alguém entrar que pudesse ir embora.”

“Mas o papai não falhou!” sussurrou Arya, alto.

“Shh!” sibilou Nova.

Sierra riu por entre as lágrimas enquanto Dylan se ajoelhava. “Você não aceitou apenas a mim”, disse ele, com a voz embargada. “Você aceitou a todas nós. Você apareceu nos recitais de dança e nas histórias de ninar. Você se tornou a pessoa que eu não sabia que precisava.”

“E nós te amamos”, acrescentou Luna.

“Muito”, concordou Arya.

“Muito, muito mesmo”, enfatizou Nova.

Dylan abriu uma pequena caixa de veludo. “Sierra Brooks… você quer se casar comigo? Você nos deixa ser sua família?”

O café prendeu a respiração. Sierra olhou para Dylan, o homem que lhe ensinou que corações partidos ainda podiam amar, depois para Arya, Nova e Luna, as três garotinhas que invadiram sua vida.

“Sim”, ela sussurrou. Então, mais alto, “Sim!”

O café explodiu em aplausos. Dylan deslizou o anel em seu dedo e a puxou para um beijo enquanto as trigêmeas os cercavam, abraçando suas pernas.

“Nós vamos nos casar!” gritou Arya.

“Eu disse que o plano ia funcionar”, disse Luna, presunçosamente.

Lá fora, a neve começou a cair. Sierra se afastou de Dylan, sua testa contra a dele. “Eu não posso ter filhos biológicos”, ela o lembrou suavemente.

“Eu sei”, disse Dylan, gesticulando para as três meninas que sorriam para eles. “Mas você já tem essas três. E elas já têm você.”

Arya puxou o vestido de Sierra. “Podemos te chamar de mãe agora?”

A respiração de Sierra falhou. Ela se ajoelhou, reunindo as três meninas em seus braços. “Se vocês quiserem”, ela sussurrou.

“Nós queremos”, disseram elas juntas.

E assim, Sierra Brooks, que pensava que sua história havia terminado, percebeu que estava apenas começando. Porque o amor, ela aprendeu, nem sempre chega como você espera. Às vezes, ele chega com cinco anos de atraso, em suéteres vermelhos iguais, trazido por três garotinhas corajosas o suficiente para acreditar que seu pai de coração partido merecia uma segunda chance.

E às vezes, se você tiver muita sorte, ele fica.

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